Ansiava imenso que o dia D chegasse o meu décimo oitavo aniversário. Durante a semana seguinte tentei planear a minha vida para Lisboa com todo o cuidado para que ninguém desse por nada, como se estivesse num filme de investigação cientifica.
O tempo foi passando, e tentei planear as coisas ao pormenor para não ficar nada esquecido... Durante algum tempo sempre disse que um dia me viria embora, nunca referenciei quando, sabia se o fizesse provavelmente me iriam tentar impedir, e aprisionar-me num local onde já não me sentia seguro nem poderia estar de maneira alguma.
Foram algumas as vezes em que faltava pouco para me considerarem um doente mental, e quererem o meu internamento, dado ter tido as reações absolutamente normais e esperadas consoante aquilo que me fazem.
O dia da libertação chegou, levantei-me de madrugada, sem fazer muito barulho e decidi vir-me embora, pé de fininho aqui e ali sem fazer o menor barulho, fechei a porta de casa, e decidi pôr-me a caminho do aeroporto para apanhar o primeiro voo da manhã.
Estava nervoso, mas por um lado feliz e liberto, como nunca estive porque sabia que finalmente iria para um sitio onde podia ser eu sem complexos, frustrações e limites, vivendo a minha vida, não escondendo quem sou eu de verdade.
Cheguei a Lisboa às oito da manhã, e estava um dia solarengo, como se todo o sofrimento tivesse sido transformado em luz, e fosse o renascer!
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